Prefácio
Espaço Público da Educação
emergência de políticas e práticas de gestão local, regional e nacional
Palavras de Benno Sander, Presidente da Anpae,
na Cerimônia de Inauguração do Congresso Ibero-Luso-Brasileiro
de Política e Administração da Educação, no dia 29 de abril de 2010,
no Cine Teatro de Elvas, em Portugal
Quero unir-me aos educadores e educadoras que compõem esta mesa de abertura dos trabalhos do
Congresso Ibero-Brasileiro e Luso-Brasileiro para expressar minha satisfação pessoal e
a de minhas colegas e meus companheiros da Associação Nacional de Política e Administração da
Educação (ANPAE), que nos reunimos nesta cidade histórica de Elvas para compartilhar
reflexões sobre nossas escolas e universidades
como espaços públicos de educação.
São reflexões sobre "imagens, narrativas e dilemas" do espaço público da educação, na
autorizada expressão de António Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa, cuja
Faculdade de Educação é sede do Fórum Português de Administração Educacional. São
reflexões sobre nossos espaços públicos de educação na dimensão dos direitos humanos
e da justiça social, visando à formação cidadã e ao fortalecimento da democracia na
escola e na sociedade.
Nesse contexto, confio que este encontro de educadores e educadoras seja uma feliz
oportunidade para estudarmos e avaliarmos políticas e práticas concebidas e adotadas
em nossos países. Confio que o evento seja uma ocasião propícia para conversarmos, de
maneira formal e informal, sobre os processos de construção e reconstrução de
experiências reconhecidas na literatura internacional, como a inovadora Escola da Ponte
em Vila das Aves em Portugal; como a inovadora Escuela Paideia em Mérida na
Espanha; e como as experiências renovadoras de administração escolar desenvolvidas
no Brasil à luz do princípio da gestão democrática, enunciado na nossa Constituição
Cidadã de 1988.
O momento é certamente propício para estudarmos estas e muitas outras experiências
ibero-luso-brasileiras de educação, no contexto econômico, político e cultural
diferenciado de nossos países. Temos, sem dúvida, formas comuns de configurar nossos
espaços públicos de educação, mas temos também formas diversificadas de enfrentar
nossos desafios educacionais à luz de nossas especificidades econômicas e opções
políticas.
Considero que este Congresso nos oferece uma ocasião privilegiada de educação
comparada e de diálogo e articulação entre instituições e especialistas em políticas
públicas e processos de regulação e gestão educacional, inseridos em distintas
realidades econômicas, políticas e culturais, com promessas de renovadas oportunidades
de cooperação entre nossas associações e entre nossos países em matéria de pesquisas e
práticas profissionais no campo das políticas públicas e do governo da educação.
É por estas oportunidades e promessas que quero congratular-me com os educadores e
educadoras que compõem esta mesa e com todas e todos os participantes de Portugal,
da Espanha e do Brasil. Em particular, quero expressar o reconhecimento de minhas
colegas e meus companheiros brasileiros da ANPAE aos nossos anfitriões de Portugal e
da Espanha.
No caso de Portugal, faço o reconhecimento nas pessoas de Beatriz Bettencourt e João
Pinhal e seus colegas do Fórum Português de Administração Educacional. Faço-o nas
pessoas de João Barroso da Universidade de Lisboa e de Licínio Lima, da Universidade
do Minho, ambos conselheiros do Conselho Editorial da Anpae. Faço-o nas pessoas dos
representantes governamentais de Portugal, em particular, dos representantes da cidade
de Elvas e dos dirigentes da Universidade de Portalegre e da Universidade Agrária de
Elvas.
No caso da Espanha, nosso reconhecimento se dirige a Josep Serentill, Pedro Navareño,
Felicisimo Rubio e Juan Salamé Sala e seus colaboradores do Fórum Europeu de
Administradores Educacionais e da Federação dos Fórums de Administração
Educacional das Comunidades Autônomas do Estado Espanhol.
Completando a tríade dos países que patrocinam este encontro internacional, quero
reconhecer a numerosa presença de meus colegas educadores e educadoras do Brasil,
todos associados militantes da Associação Nacional de Política e Administração da
Educação (ANPAE).
Agradeço a contribuição do professor Ricardo Balestreri, Secretário Nacional de
Segurança Pública do Ministério da Justiça do Brasil e membro do Comitê Nacional de
Educação para Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos da
Presidência da República, que nos falará sobre educação e segurança pública na
dimensão dos direitos humanos e da cidadania no Brasil.
Finalmente, tenho uma palavra especial para o professor Francisco das Chagas
Fernandes, Secretário Executivo Adjunto do MEC e reconhecido líder dos educadores
brasileiros, que aqui representa o Ministério da Educação do Brasil e apóia com
entusiasmo a realização deste Congresso. O professor Chagas é nosso convidado de
honra e partilhará conosco os resultados da recente Conferência Nacional de Educação
do Brasil e conduzirá os trabalhos da Conferência de Abertura deste Congresso Ibero-
Luso-Brasileiro de Política e Administração da Educação.
Termino estas reflexões e reconhecimentos fazendo votos de que o espaço público deste
encontro internacional em Portugal e na Espanha, organizado conjuntamente pelo
Fórum Português, Fórum Europeu da Espanha e pela ANPAE do Brasil, ofereça ricas
oportunidades de articulação ibero-americana e luso-brasileira e de cooperação
intelectual no campo das políticas públicas, do governo da educação e da gestão escolar.
Palavras de Benno Sander, Presidente da Anpae,
na Cerimônia de Encerramento do Congresso Ibero-Luso-Brasileiro
de Política e Administração da Educação, no dia 02 de maio de 2010,
na Universidade Laboral de Cáceres na Espanha
Meus caros amigos e amigas,
Chegamos ao final da redação deste capítulo das jornadas ibero-americanas e lusobrasileiras
de política e gestão da educação.
Digo deste capítulo porque confio, junto com Maria Beatriz Bettencourt, Josep
Serentill Rubio e os numerosos colegas de nossas três associações – Fórum Europeu do
Estado Espanhol, Fórum Português e Associação Nacional de Política e Administração
da Educação (ANPAE) –, que este Congresso é apenas um capítulo da obra iberoamericana
e luso-brasileira que juntos sonhamos e juntos estamos escrevendo no campo
da política e da gestão da educação.
A partir da inscrição deste capítulo inicial na história da política e da gestão da
educação ibero-americana e luso-brasileira, gostaria de compartilhar novos sonhos e
novas visões de futuro. Nesse contexto, tenho a satisfação de participar-lhes que o
próximo Simpósio Brasileiro de Política e Administração da Educação da ANPAE
se realizará daqui e um ano em São Paulo. Gostaríamos de dar ao nosso Simpósio
Brasileiro de 2011 um escopo ampliado, com a intenção de escrevermos um novo
capítulo de nossa obra ibero-americana e luso-brasileira no campo específico das
políticas públicas, do governo da educação e da gestão escolar.
Tenho a satisfação de registrar que o nosso próximo Simpósio Brasileiro tem um
significado muito especial para a ANPAE e seus associados, pela simples razão de que
celebraremos o Jubileu de Ouro da Associação. A ANPAE nasceu no princípio de
1961, na Universidade de São Paulo, por ocasião do encerramento do I Simpósio
Brasileiro de Administração Escolar, Simpósio celebrado desde então a cada dois anos,
como projeto prioritário das gestões que se vem sucedendo historicamente.
Nesse sentido, destaco aqui com muita alegria a presença de três presidentes da ANPAE
que, ao longo das décadas, organizaram Simpósios Brasileiros e Congressos
Internacionais: Lauro Carlos Wittmann, que organizou e presidiu os Simpósios
Brasileiros de 1993 e 1995; Regina Vinhaes Gracindo, que é fundadora, com João
Barroso e outros líderes portugueses, dos Congressos Luso-Brasileiros iniciados em
1999 e que foi organizadora dos Simpósios Brasileiros de 1997 e 1999; e este vosso
servidor que, em distintas encarnações, teve o privilégio de trabalhar com colegas
brasileiros e europeus e com educadores das Américas na preparação e realização de
Congressos Internacionais e Simpósios Brasileiros em diferentes momentos da história
da ANPAE e da própria história da educação interamericana, ibero-americana e lusobrasileira.
A participação neste encontro internacional de nossos dirigentes e numerosos
associados históricos da ANPAE, que peço licença para saudar na pessoa de Miguel
González Arroyo, aqui presente, representante fiel e conferencista assíduo desde o
memorável Simpósio Brasileiro que me coube organizar em 1978 na Universidade
Federal do Paraná sobre “o estudo da administração da educação no contexto das
ciências sociais” e que, em 1983, escreveu um dos cinco artigos do volume 1, número 1
da Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, artigos que a literatura
especializada inclui entre os responsáveis pelo deslocamento de toda a discussão teórica
tradicional no campo da administração educacional para o âmbito conceitual sóciohistórico
(Pereira e Andrade, RBPAE, v.23, n.1, p. 137-151, jan./abr. 2007).
À luz desses fatos históricos, considero a participação de 215 anpaeanos inscritos neste
Congresso Ibero-Brasileiro e Luso-Brasileiro e a apresentação de 11 palestras e 117
trabalhos acadêmicos de pesquisadores brasileiros uma demonstração viva de que hoje a
ANPAE se enriquece com a contribuição acadêmica de uma nova geração de
associados, aos quais gostaria de dizer, no sentido construtivo da expressão, que aqueles
que um dia tenham sido picados pela mosca azul da ANPAE, como foram nossos
mestres fundadores e primeiros associados, sempre estarão presentes, como
organizadores e participantes de seus eventos e críticos de sua ação, como força de
resistência educacional e base esclarecida de sua construção histórica. É nesse contexto
em que vamos encontrar, entre muitos outros educadores de vanguarda, a Luiz Dourado,
que se associou na segunda metade da década de 1990, e que mereceu o título de
dirigente da base esclarecida da ANPAE por parte de colegas que hoje estão aqui
participando ativamente deste encontro e do cotidiano da Associação no Brasil.
Voltando ao Jubileu de Ouro da ANPAE, tenho a satisfação de participar-lhes que São
Paulo se adiantou para oferecer sede para o XXV Simpósio Brasileiro. À luz do
argumento de que a ANPAE nasceu na Universidade de São Paulo, a postulação dos
anpaeanos paulistas vem merecendo apoio majoritário do quadro associativo pelo país
afora. Aqui estão Miguel Henrique Russo, Pedro Ganzeli, Romualdo Portela de
Oliveira, Afrânio Mendes Catani, Elba Siqueira de Sá Barreto, Walter Garcia e muitos
outros anpaeanos históricos de São Paulo que já estão trabalhando conosco no projeto.
Contamos também com o apoio de anpaeanos e colaboradores portugueses, que
enriquecem o nosso trabalho, como, por exemplo, Licínio Lima e João Barroso, que são
conselheiros do Conselho Editorial da ANPAE, e que não se tem furtado de contribuir
com a nossa Revista e com a própria construção da temática que nos ocupará no
programa do Simpósio Brasileiro de Política e Administração da Educação de 2011.
Falando em tema do XXV Simpósio Brasileiro, qual é nossa idéia para os debates? A
idéia é fazer uma releitura crítica das concepções e práticas contemporâneas de gestão
da educação, como expressões de sua construção histórico-cultural, à luz do pensamento
tão bem enunciado por Antonio Gramsci, ao dizer que "a história do presente é a
política do passado e a política do presente á a história do futuro.
As conversas estão em progresso e o título a que chegamos até este momento, como
resultado de um processo de construção e aproximações sucessivas, mediante consulta aberta junto
aos Conselhos Superiores da ANPAE e junto aos associados é o seguinte: POLÍTICA E GESTÃO
DA EDUCAÇÃO: construção histórica, debate contemporâneo, visão de futuro. O
programa acadêmico do Simpósio englobará compreensivamente o objeto de estudo e campo de
atuação da ANPAE, ou seja, as políticas públicas e o governo da educação, a gestão escolar e
universitária, incluindo seus processos de planejamento e avaliação. A avaliação enfocará a
releitura de nosso passado educacional e o exame crítico da realidade contemporânea. O
planejamento, no início da vigência do novo Plano Nacional de Educação 2011-2020,
abordará os desafios da próxima década no campo das políticas públicas de educação e
formação dos educadores, do governo da educação e da gestão escolar e universitária, na dimensão da diversidade cultural e da justiça social.
Confio que até o fim deste mês de maio e com um ano de antecipação, possamos
anunciar o Congresso, seus objetivos, sua sede e sua data de realização. Mas o que
queremos fazer desde já é convidar nossos parceiros de Portugal e da Espanha.
Queremos convidá-los para participar do evento, concebido para oferecer uma nova
oportunidade de socialização de múltiplas leituras e múltiplas percepções e
interpretações dos atos e fatos da política e da governança da educação com visão de
futuro, à luz de nossa história, nossas opções políticas e nossas tradições culturais.
Junto con la invitación y para terminar, quiero agradecer.
Quiero agradecer al representante del Ministro de Educación del Estado Español, Rafael Rodríguez de la
Cruz; al Director General de Política Educativa de la Consejería de Educación de la
Comunidad Autónoma de Extremadura, Felipe Gómez Valhondo; al Director del
Instituto de Educación Secundaria “Universidad Laboral” de Cáceres, Andrés Talavero.
Finalmente, quiero interpretar los sentimientos de mis colegas de ANPAE para
agradecer a nuestros generosos anfitriones de España y Portugal, que nos han recibido
con tanta dedicación y cariño, que nos han mostrado y explicado las riquezas culturales
de su tierra, particularmente las riquezas de las ciudades históricas de Elvas, Cáceres y
Mérida.
Muchas gracias, Josep Serentill Rubio, Pedro Navareño Pinadero, Felicísimo Rubio
Viejo, Juan Salamé Sala y sus colaboradores y asociados del Forum Europeo de
Administradores de la Educación del Estado Español, de la Universidad Laboral de
Cáceres y del Instituto de Educación “Santa Eulalia” de Mérida.
Muito obrigado, Maria Beatriz Bettencourt, João Manuel da Silva Pinhal, Lucília
Carreira Ramos, Luís Leandro Vasques Dinis, Patricia Figueiredo e seus colaboradores
de Lisboa, de Elvas e de Portalegre. Muito obrigado aos colegas associados do Fórum
Português de Administração Educacional, com o qual temos já uma consolidada
parceria de dez anos.
Quero terminar congratulando-me com as colegas e companheiros da ANPAE, do
Brasil, que se inscreveram no Congresso e ajudaram a financiar o evento, que
colaboraram como membros do Comitê Científico, que fizeram conferências e palestras
e que submeteram, apresentaram e coordenaram trabalhos acadêmicos. Confio que o
Congresso tenha sido um espaço público enriquecedor de convivência intelectual e
social entre nós, anpaeanos, e com nossos colegas espanhóis e portugueses.
Finalmente, reservei uma palavra especial para o nosso Secretário Francisco das Chagas
Fernandes. É uma palavra de agradecimento pelo valioso apoio que recebemos do
Ministério da Educação do Brasil para a realização deste Congresso e de outros eventos
da ANPAE no Brasil. É uma palavra de homenagem pelo seu trabalho no Gabinete do
Ministro de Estado da Educação, Fernando Haddad, onde lidera um construtivo
movimento de interlocução entre o Ministério, os movimentos sociais e entidades da
sociedade civil organizada no campo da educação, das quais participam neste
Congresso, além da ANPAE, a ANPED e a ANFOPE, com a presença de Dalila
Andrade Oliveira e Márcia Ângela da Silva Aguiar, respectivamente presidente e expresidente
da ANPED, e de Iria Brzezinski, presidente da ANFOPE, todos também
históricos militantes no âmbito da ANPAE.
Estamos prontos para partir, embora gostássemos de dispor de mais tempo para
desfrutar da companhia de nossos anfitriões e das riquezas culturais da Espanha e de
Portugal. Partiremos levando conosco um pouco da vossa cultura, o carinho e a
generosidade de vossa recepção e, acima de tudo, as promessas mútuas de novas
amizades e alianças que aqui plantamos e de antigas amizades e parceiras que aqui
estreitamos. Muito obrigado. Até o nosso próximo encontro, a qualquer hora e em
qualquer esquina da vida.
Muchas gracias.