A PERFORMANCE ESCOLAR EM PORTUGAL: UM OLHAR SOBRE AS ESTRATÉGIAS DAS ESCOLAS E DAS FAMÍLIAS PARA A FABRICAÇÃO DA EXCELÊNCIA
Resumo: A performance educativa resulta de um complexo processo de multirregulações, com destaque para as dinâmicas económicas globalizadoras com impactos significativos nas agendas educacionais regionais e locais. A governação pelos números, a ênfase na comparação sistemática de indicadores transnacionais, nacionais e locais e a consequente publicação de rankings de escolas são apenas alguns dos instrumentos privilegiados por uma estratégia que enfatiza a produção de resultados académicos de excelência como função quase exclusiva da escola. Este texto pretende explorar alguns resultados de um projeto de investigação (tese de doutoramento em fase final de redação) que dão conta das estratégias de preparação dos alunos, nomeadamente para os exames nacionais, desenvolvidas quer por iniciativa das escolas quer por iniciativa das famílias. O estudo empírico realizou-se em dois agrupamentos de escolas (públicas) e dois colégios (privados) com contrato de associação na região centro de Portugal, onde foi administrado um inquérito por questionário a alunos (n=692) pertencentes aos diferentes níveis de ensino (1º, 2º, 3º ciclo do ensino básico e secundário) e onde foram também realizadas entrevistas aos diretores e membros da direção de cada uma das escolas e colégios. As principais conclusões referem que em ambos os casos a iniciativa é justificada numa lógica concorrencial típica de uma ambiente de mercado – as escolas pressionadas pela captação de alunos e pela obtenção dos melhores resultados escolares nos exames, fundamentais para uma posição na elite, nacional ou local, dos rankings; e as famílias impulsionadas pela necessidade de obtenção da melhor classificação para garantir a colocação dos educandos nos melhores cursos e escolas.